sábado, janeiro 26

Perdendo o juízo (a.k.a. arrancando os Sisos) - Parte 2

Voltando à história... Quero dizer, antes gostaria de corrigir o erro do post anterior. De acordo com a Wikipedia (e, provavelmente, com muita gente mais letrada do que eu), a grafia correta do osso maldito que brota (ou não) no finalzinho da nossa arcada dentária não é, como escrevi, "ciso", e sim "siso". Como se eles já não me dessem trabalho demais...

Ok, voltando à história de terror: após passar pelo corredor de horrores, chega-se à sua própria "cabine", onde seu dentista (a.k.a. torturador profissional com diploma e tudo o mais) aguarda. É aí que tudo começa de verdade. Você está lá, sentada/deitada, totalmente vulnerável, com a boca aberta e um canudo chato sugando saliva (eca), completamente exposta e indefesa. A situação já é trágica por si própria, já é o bastante ter uma pessoa te vendo nesse estado. Mas quando você pensa que nada pode ser pior, eis que os desígnios divinos mais uma vez se mostram incompreensíveis e dignos de umas reclamações das feias: ouve-se a dentista (a.k.a. torturador profissional com diploma e tudo o mais) proferir a seguinte frase: "Nossa, tem um dente a mais aqui!". (Tudo bem, eu já sabia deste fato antes, mas estou tentando colocar um pouco mais de drama.) De repente TODO o consultório está ali, olhando pras minhas radiografias e pra minha boca, tentando analisar o que diabos é aquilo e como se resolve o maldito problema. E enquanto isso eu estou lá, naquela mesma posição nada nobre e de boca escancarada pra quem quisesse ver (e, incrivelmente, muitos quiseram ver. Acho que sou a nova freak celebrity do consultório.).

Finalmente começa-se o trabalho. É hora da carnificina. Incrivelmente, também é a hora mais tranqüila pro paciente (a.k.a. vítima estúpida que paga para sofrer): sedada, sem sentir metade do rosto, você simplesmente observa os esforços colossais, a luta literalmente sangrenta travada entre a pessoinha de branco e o forte e vigoroso dente. Tem hora que dá até vontade de torcer pro siso e gritar pro dentista (a.k.a. torturador profissional com diploma e tudo o mais): "Toma essa, sucker!". Após alguns momentos, no entanto, a atenção é totalmente desviada. A luta livre travada ali do lado é esquecida e de repente você se pega viajando, olhando pro teto e pensando em um mundo de coisas: no próximo episódio de House, no livro que tá guardado na bolsa e que você poderia estar lendo agora (caso o sangue não espirrasse e manchasse as páginas), no pseudo-doutor (a.k.a. dentista) da divisão do lado (e, com metade do cérebro anestesiado, você pensa até em criar uma situação pra conversar com ele depois que terminar seu Cine Trash)...

Até você sair de cima da cadeira/maca não dá pra ter muita noção do seu estado. Você só sabe que perdeu mais sangue do que numa menstruação, que tem costuras nas gengivas e controle apenas parcial da sua língua. Fora isso, tudo em cima! "Tudo em cima" my ass. Você sai pra sala de espera bem feliz da vida por ter acabado (embora triste por não ter conseguido ver o carinha bonitinho de novo) e pronta pra marcar a próxima consulta, quando nota que todos os olhares foram desviados do Vale a Pena Ver de Novo e estão mega concentrados em nada mais nada menos que... Você! "Tome muito sorvete", "Coloca gelo", "Fique em repouso ab-so-lu-to!" e outras frases afins invadem seus ouvidos.

Após dar a devida atenção a todos os bons velhinhos (provavelmente todos com dentadura) que me passavam seus conselhos, lá fui eu de volta pra casa. De ÔNIBUS. O que significou mais uma andadinha pelo Centro até chegar no ponto e mais umas chacoalhadas até chegar em casa.

A recompensa? O que o fim do dia reservava de bom pra mim? Mamãe chegando e dizendo: "Fique bem, minha filha. Vou te ligar todos os dias de Balneário, tá? Beijosteamotchau!".

Então tá, né?

*Ao som de Camille - Paris

sábado, janeiro 19

Perdendo o juízo (a.k.a. arrancando os cisos) - Parte 1

A vida é cheia de rituais de passagem: de dentro da barriga da mamãe pra fora da barriga da mamãe, primeiros passinhos, primeiros dentinhos, primeira vez que se pergunta "como se fazem os bebês", primeira vez que se entende o significado da resposta "você vai saber quando crescer", escutar a frase "você já é uma mocinha!", formaturas, vestibular, vícios... e cisos.

Chegada à clínica odontológica. "Oi, boa tarde. Tenho consulta às 14:40. Extração. Três." Já vem aquele olhar de piedade da recepcionista, mas como ela está acostumada a pensar que sabe disfarçar, simplesmente manda sentar e aguardar. E eu aguardei. Pacientemente eu aguardei durante uma hora e meia! Aparentemente o paciente anterior tinha sofrido de uma queda de pressão e tinha que ficar deitado (só nessas situações mesmo pra alguém resolver ficar estirado naquela cadeira mais tempo do que o necessário).

Após assistir Vídeo Show e folhear 7 revistas, eis que escuto o meu nome sendo chamado. E lá vou eu, adentrando consultório. Aquela clínica é mesmo bizarra: são várias divisões, cada uma com seu dentista (a.k.a. torturador profissional com diploma e tudo o mais) e paciente (a.k.a. vítima estúpida que paga para sofrer) e, o pior, não há portas. Isso mesmo, você passa por um corredor de horrores, sem direito a venda nos olhos.

Como estou com preguiça de continuar com o post, encerro aqui sem mais delongas e deixo a conclusão para outro dia.

Passar bem.

*Ao som de Rod Stewart - Sailing

quarta-feira, janeiro 16

Com que roupa eu vou?

Nos últimos dias, cumprindo o dever de férias, não tenho feito muito mais do que acordar às 2pm (horário de Brasília), me arrastar pra frente do computador, checar os emails provavelmente três vezes seguidas, constatar que não recebi nada importante e que produtores internacionais de Cialis continuam insistindo que eu devo ter algum problema de ereção e que por isso devo comprar seus produtos (!), enrolar até as 5pm (horário de Brasília - não tenho podido me dar o luxo de poder trocar de fuso-horário), comer algo (totalmente não saudável) e finalmente atingir o ápice da minha rotina diária: assistir House.

Mais impressionante do que o fato de o parágrafo acima ter apenas um ponto final, é aquelas médicas conseguirem se manter impecáveis no trabalho. Ninguém reclama de plantões e o Dr. House parece sempre ansioso para ir embora, sempre no seu exato horário: 6pm (horário de alguma cidade norte-americana que eu não sei precisar), o que me leva a concluir que ele, juntamente com o resto de sua equipe, simplesmente escapam da regra universal e (até agora) incontestável de que todos os médicos dão plantões. Que seja. Considerando então que eles não fazem parte da massa de doutores que reclamam das suas 24 horas ininterruptas de serviço, por que então vemos que eles estão no hospital, incrivelmente, à noite? E o mais chocante de tudo: sem olheiras, com o cabelo preso somente com presilhas (que, para a informação de homens desavisados, soltam com muita facilidade) aparentemente intocadas durante todo o expediente. Elas também estão sempre bem maquiadas (nada vulgar, afinal de contas são doutoras, agentes da saúde) e bem vestidas.

É, talvez essa seja uma das partes mais intrigantes: a vestimenta. Até onde eu me lembre, médicos se vestiam de branco, certo? Pelo menos é isso que uma andada pela área hospitalar da cidade conta, assim como um passeio pelo campus saúde de qualquer universidade. Estou chegando à conclusão, no entanto, que o traje branco seja apenas uma moda ou talvez um jeito desses profissionais (e aspirantes) se reconhecerem mutuamente. E pensar que todos esses anos eu achei que o vestir branco fosse alguma forma de higiene! Que tolice, não? Faz muito mais sentido usar o jaleco pra ir almoçar! Quem sabe você não faz novas amizades?

Ainda bem que nem todas as médicas são bonitas, do contrário o mundo estaria perdido para o resto de nós, simples mortais. Questão de matemática: beleza natural + boa escolha de roupas + maquiagem + sucesso na carreira profissional + "sou médica" = fim da esperança.

Mas meu amor por
House e, mais ainda, pelo Dr. House, pode ser facilmente justificado. Abaixo uma amostra.



É óbvio mas...
*Ao som de
The Who - Baba O'Riley

domingo, janeiro 13

Get back, get back to where you once belonged


Assim como os norte-americanos se voltam de tempos em tempos (=tempos de crise) o para o que chamam de "founding fathers" (Washington, Franklin, Jefferson e Cia. Ltda.) afim de recuperar os valores da nação (risos contidos... mais um pouquinho... Pronto, parei.), nós também nos vemos certas vezes ressucitando alguma coisa por aí.

A moda, por exemplo, trouxe a cintura alta; no cinema parece que passamos por um revival dos épicos; na política o PSDB, PFL e outras ervas daninhas voltam como a nova oposição. Até a Paula Abdul fez seu comeback.

Após uma crise musical profunda que me levou a ter preciosos megabytes de Britney Spears, The Corrs e coletâneas de canções natalinas armazenados no meu HD (e, o que é mais entristecedor, no meu iPod), eu fiz a minha própria regressão. É como se de repente alguém te desse uma chachoalhada e dissesse: "Ei, minha filha! Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima!". E a luz se fez.

Led Zeppelin tem sido, provavelmente, o mais tocado no momento. Perto estão George Harrison, Bob Dylan, John Lennon, Cat Stevens... Isso sem contar Pink Floyd, Emerson Lake & Palmer (eu omiti uma vírgula entre os dois nomes de propósito, senão iria ficar meio estranho... Agora me dou conta que este parênteses é muito mais esquisito.), Traveling Wilburys, The Who e Eric Clapton. Não vou nem mencionar os Beatles, porque esses não saem nunca dos meus mais tocados.

São clássicos. Esses caras sabiam (alguns, felizmente, sabem até hoje) fazer música de verdade. E é bom saber que em momentos de crise meus "founding fathers" estarão ali, há um play de distância.

*Ao som de Traveling Wilburys - Handle With Care

quinta-feira, janeiro 10

Nós somos descartáveis?

Parece que a vida inteira é a busca por um algo ou alguém (principalmente um alguém, especialmente para mulheres) que dependa da gente: que nos considere insubstituíveis. E não, não vale a nossa mãe.

Bem, até agora nada de novo. Mas será que nós não nos subtituímos toda hora? Eu olho pra mim mesma e vejo um exemplo disso (e olha que eu sou até comedida nas minhas mudanças!): já gostei de axé, já fui freqüentadora de igreja, já fiz meu salto de garotinha que gosta de Backstreet Boys pra garotinha aborrescente de estilo gótico, já fui da esquerda pra... Ih, acho que isso eu não defini. Isso deve ter acarretado uma série de mudanças em mim mesma que eu não percebo, tais como jeito de vestir, falar e, mais importante, o que falar.

Foi então que eu me lembrei que eu tinha um blog. E não estou falando deste, mas de outro. Aliás, outros, porque, se não me engano, foram uns 3 ao todo. E flashes de milésimos de segundo depois eu já tinha me lembrado de uma outra coisa: eu apaguei eles. É: no momento em que percebi que aquelas coisas já tinham se transformado em mim e que aquilo não era nem de longe o que eu pensava (ou que simplesmente porque me cansei de ter um blog), eu fiz uso da ferramenta mais moderna, prática e inofensiva já criada pelo homem: delete. Seja em forma de botão ou tecla.

Se fez alguma diferença para o mundo o fato de eu não estar mais por aí, publicando minhas asneiras pra quem quisesse ou tivesse a condecendência de ler só pra deixar um comentário amigo? O lado romântico da minha mente gosta de fantasiar que um super homem com todas as características imprescindíveis (muito humildemente eu só peço que seja engraçado e inteligente) era leitor assíduo e ficou arrasado quando parou de ter notícias minhas. Minha parte "Alo-ow! Desce das nuvens!" tem uma resposta mais simples: não.

Hipoteticamente considerando que a segunda alternativa seja a verdadeira (o lado romântico é insistente) não posso deixar de pensar que tudo o que eu era naquela época simplesmente foi descartável: afinal de contas, pra onde foi? Lixo eletrônico, sem tempo de decomposição.

Resolvi então fazer um breve retrospecto/reflexão. Meu cd dos Backstreet Boys foi tocado recentemente numa festinha que incluiu coreografia; minhas roupas de gótica já foram há tempos doadas (tirando uma blusa estilo femme fatale que eu jurei usar mais uma vez); e descobri que, segundo Churchill, "quem não foi comunista até os vinte anos, não tem coração" (só completando a citação, o poderoso estadista conclui: "quem continua sendo depois dos quarenta, não tem bom senso". Era o Churchill, o que você esperava?). Até que não foi de todo perdido, não é?

Olhando desse modo, acho que somos recicláveis.

*Ao som de Simon and Garfunkel

segunda-feira, janeiro 7

Sex and the City

Nos último tempos tenho assistido vários episódios do seriado. Tanto que hoje finalmente (e infelizmente) cheguei ao final.


A sensação é familiar: já tive o mesmo no último episódio da trilogia O Senhor dos Anéis, a segunda parte do último volume de As Brumas de Avalon também foi só lágrimas, Harry Potter encerrou sua jornada... Mas embora todas essas séries tenham me acompanhando por muito mais tempo do que Sex and the City, não despertaram maior identificação do que ela. E por que? Cada episódio é uma questão que realmente está nas mentes de todas as mulheres, sejam elas o mais estereotipadas possível (por incrível que isso pareça aos olhos dos homens que a assistem).

Claro, tive meus momentos de briga com as quatro new yorkers: por que diabos discutir tanto sobre relacionamentos? Por que reclamar deles, quando às vezes eu penso até que seria bom simplesmente estar em algum? (Eu sei, esse pensamento é o fim da picada, mas passa pela cabeça.) Se elas todas têm algo a reclamar (elas, as bem sucedidas e gostosonas do pedaço - tirando a Miranda, que eu adoro), imagina eu?!?!

Mas todas as dúvidas que aparecem ali são minhas também. E é impossível deixar de se relacionar com um assunto que bate o tempo todo na nossa cabeça: quando vamos encontrar o amor? Ele existe?

Pra não frustrar todas as mulheres do mundo, o final vem com aquela velha lição à la Marie Claire: temos que aprender a nos relacionar com nós mesmas, aceitar nossos defeitos e até parar de idealizar as coisas. E em partes eu concordo. Aliás, concordo com tudo, mas fazendo as devidas observações: é claro que vamos parar de imaginar um futuro perfeito, de pensar que nossa vida vai ser o que pensamos e planejamos, mas isso acontece porque nós simplesmente mudamos e de repente nos damos conta que não somos quem imaginávamos ser.

Tudo bem, todas elas se arranjam maravilhosamente bem, encontram o par perfeito... Mas isso é ficção. As risadas como essa aí embaixo acho que eu ainda vou ter com quem dividir por um bom tempo. Não é, legumes da minha vida?